Extintor de Incêndio em Condomínios: Regras e Responsabilidades
Quando a gente pensa em segurança no lugar onde mora, logo vem à cabeça portaria, câmeras e trancas reforçadas. Mas tem um item que muita gente esquece e que pode ser a diferença entre uma tragédia e uma solução rápida: o extintor de incêndio em condomínios.
Esse equipamento é obrigatório por lei, tem normas técnicas a serem seguidas e envolve responsabilidades tanto do síndico quanto dos moradores. E o descuido pode custar caro. Literalmente.
Por que extintores são obrigatórios em condomínios?
Os incêndios em ambientes coletivos, como prédios residenciais, têm o risco de se espalhar muito rápido. Por isso, a legislação brasileira prevê que os condomínios devem ter sistemas de proteção contra incêndio, e isso inclui os extintores.
O principal objetivo é evitar a propagação do fogo nos primeiros minutos. Muitas vezes, quando um foco é contido rapidamente, evita-se o acionamento do Corpo de Bombeiros e prejuízos maiores.
Quais normas regulam o uso de extintores?
A instalação e manutenção dos extintores de incêndio em condomínios são regidas por diferentes legislações. Entre as principais, estão:
- Norma ABNT NBR 12693: trata especificamente sobre sistemas de proteção por extintores de incêndio.
- Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBM): cada estado tem seu regulamento de segurança contra incêndio.
- Código de Obras e Edificações do Município: algumas prefeituras possuem regras complementares.
- Decreto Estadual de Segurança Contra Incêndio: em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, há decretos com exigências específicas.
Essas normas determinam onde os extintores devem ser posicionados, com que tipo de agente extintor e de quanto em quanto tempo devem ser revisados.
Onde os extintores devem ser instalados no condomínio?
O posicionamento dos extintores não é aleatório. Eles precisam estar em pontos estratégicos e de fácil acesso. Os locais mais comuns incluem:
- Corredores dos andares
- Próximo aos elevadores
- Salão de festas e áreas comuns
- Garagens e subsolos
- Próximo a quadros de energia
Cada 225 m² de área construída deve contar com pelo menos um extintor, segundo a NBR 12693. Além disso, a altura de instalação deve permitir que qualquer adulto consiga manusear o equipamento com facilidade.
Tipos de extintores mais utilizados em prédios
Nem todo extintor serve para qualquer tipo de incêndio. É por isso que os condomínios precisam ter os modelos adequados, conforme os riscos existentes. Os principais tipos são:
- Água pressurizada: indicado para materiais sólidos (papel, madeira, tecido).
- Pó químico (ABC): combate incêndios em materiais sólidos, líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos.
- Gás carbônico (CO₂): ideal para incêndios em equipamentos elétricos e eletrônicos.
- Espuma mecânica: usada em líquidos inflamáveis, como combustíveis.
O extintor ABC é o mais comum nos condomínios por ser o mais versátil.
De quem é a responsabilidade pela manutenção dos extintores?
A legislação é clara: a responsabilidade é do condomínio, representado pelo síndico ou administrador legalmente designado.
O síndico deve:
- Garantir a manutenção preventiva e corretiva dos extintores.
- Contratar empresa credenciada pelo INMETRO para realizar os serviços.
- Arcar com os custos de recarga, inspeção e troca de equipamentos vencidos.
- Guardar os certificados de inspeção técnica e apresentá-los quando exigido.
- Cumprir as exigências dos laudos do Corpo de Bombeiros.
Se houver um incêndio e for constatado que os extintores estavam vencidos ou mal posicionados, o síndico pode responder civil e criminalmente.
Manutenção: com que frequência deve ser feita?
De acordo com a norma NBR 12962, a manutenção dos extintores precisa seguir três níveis:
- Inspeção mensal: pode ser feita por funcionário treinado, apenas para verificar o lacre, a pressão e se o extintor está no lugar certo.
- Manutenção de 1º nível: realizada a cada 12 meses por empresa especializada, com teste de funcionamento e limpeza.
- Manutenção de 2º ou 3º nível: inclui a recarga e outros testes mais profundos.
Além disso, o prazo de validade dos extintores é de um ano. E sempre que forem utilizados, mesmo que parcialmente, precisam ser recarregados.
O que acontece se o condomínio não estiver em dia com os extintores?
As consequências são sérias e podem causar prejuízo financeiro e jurídico ao condomínio. Veja o que pode acontecer:
- Multas aplicadas pelo Corpo de Bombeiros
- Impossibilidade de obtenção do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros)
- Cancelamento de apólices de seguro
- Responsabilização civil em caso de acidente
- Processo criminal por omissão de medidas de segurança
Portanto, negligenciar a manutenção dos extintores pode causar um rombo no bolso e colocar vidas em risco.
O morador também tem alguma responsabilidade?
Muita gente acha que a responsabilidade é só do síndico, mas os moradores também devem colaborar. É dever dos condôminos:
- Não obstruir ou danificar os extintores
- Avisar imediatamente caso percebam algo errado com os equipamentos
- Participar de simulados de evacuação, quando organizados
Em assembleias, os condôminos podem exigir prestação de contas sobre os contratos de manutenção e sugerir melhorias na segurança do prédio.
Quem fiscaliza os extintores nos condomínios?
A fiscalização pode ser feita por:
- Corpo de Bombeiros, que emite o AVCB
- Prefeitura, por meio da fiscalização de posturas
- Seguradoras, no momento de contratar ou renovar seguros
Esses órgãos podem fazer vistorias de forma programada ou após denúncia.
Se alguma irregularidade for identificada, o prédio pode ser interditado até que a situação seja regularizada.
Como escolher uma empresa para manutenção de extintores?
Nem toda empresa está autorizada a fazer manutenção de equipamentos contra incêndio. Antes de contratar, o síndico deve observar:
- Registro no INMETRO e CREA
- Experiência no mercado e reputação
- Emissão de certificado após os serviços
- Garantia nos serviços prestados
- Preço justo e transparência na cobrança
Vale lembrar que o barato pode sair caro. Se os equipamentos forem mal mantidos, a responsabilidade continua sendo do condomínio.
Extintores e AVCB: como estão ligados?
O AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) é um documento obrigatório que certifica que o edifício está com todas as medidas de segurança em dia. Sem ele, o prédio:
- Não pode receber o habite-se
- Não pode renovar o seguro do prédio
- Pode ser interditado
E um dos principais itens verificados na hora da vistoria é justamente o estado dos extintores. Por isso, manter tudo regularizado ajuda a evitar problemas maiores com o Corpo de Bombeiros.
Extintores vencidos e reforma: como agir?
Durante reformas em áreas comuns ou apartamentos, os extintores podem ser deslocados. Isso não é recomendado, mas caso seja necessário:
- Avisar a administração
- Reposicionar o extintor assim que possível
- Evitar obstruir o acesso
Além disso, é comum que reformas gerem poeira, o que pode danificar os lacres ou os indicadores de pressão. O ideal é proteger os extintores com capas durante esse período.
E se alguém usar indevidamente o extintor?
Brincadeiras ou vandalismo com extintores ainda são comuns, especialmente em condomínios com crianças e adolescentes. Isso é considerado infração grave, pois pode deixar o prédio vulnerável a incêndios.
Nesses casos, o condomínio pode:
- Aplicar multas ao morador infrator
- Registrar boletim de ocorrência
- Cobrar judicialmente os custos da recarga
Importante destacar que extintores são equipamentos de emergência, não brinquedos. E o uso indevido pode ter consequências sérias.
Regras para condomínios comerciais e mistos
Os prédios comerciais e mistos (residencial e comercial) seguem regras ainda mais rigorosas. Dependendo da atividade exercida nos estabelecimentos, pode ser exigida:
- Instalação de extintores específicos (como para líquidos inflamáveis)
- Sistema de sprinklers (chuveiros automáticos)
- Iluminação de emergência e placas fotoluminescentes
- Brigada de incêndio treinada
Cada tipo de ocupação possui uma classificação de risco. Portanto, cabe à administração do prédio buscar laudos técnicos adequados e garantir que tudo esteja em conformidade.
Checklist prático para síndicos
Para facilitar a rotina de quem cuida do prédio, montamos um checklist simples:
- Verificar vencimento dos extintores
- Realizar inspeções mensais
- Contratar empresa certificada
- Manter certificados organizados
- Atualizar mapa de rotas de fuga
- Garantir acesso livre aos equipamentos
- Promover conscientização entre os moradores
Com essas ações, o condomínio se mantém mais seguro e evita dores de cabeça com a lei.
Crédito imagem – https://www.pexels.com
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