Hipercifose torácica patológica: causas e sinais

Entenda causas e sinais da hipercifose torácica patológica, como diagnosticar, tratar e quando buscar ajuda especializada.

A hipercifose torácica patológica é um aumento anormal da curvatura da coluna na região do tórax. Diferente da “corcunda” por postura, aqui existe uma alteração estrutural ou uma doença por trás do quadro.

O dorso fica mais arredondado, o tronco tende a projetar-se para frente e, em fases avançadas, o corpo pode perder mobilidade. Identificar cedo o que está acontecendo ajuda a reduzir dor, preservar a função e evitar que a curvatura avance.

Nem toda curvatura maior é igual. A hipercifose postural costuma melhorar quando a pessoa se endireita ou fortalece a musculatura das costas. Já a forma patológica resiste a correções simples, porque os ossos, discos ou ligamentos sofreram mudanças que mantêm a coluna puxada para frente.

Entender essa diferença evita frustração com “exercícios milagrosos” e direciona para um plano de cuidado realista, passo a passo, com metas claras. O impacto no dia a dia varia muito. Alguns sentem apenas cansaço nas costas depois de horas sentados.

Outros relatam dor constante entre as escápulas, rigidez ao levantar, dificuldade para olhar para frente ao caminhar ou até falta de ar quando a curvatura comprime a caixa torácica. Pequenos ajustes de rotina, somados a tratamento correto, costumam aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, mesmo em casos antigos.

O que é e como se forma

Conforme ressalta o Dr. Aurélio Arantes, especialista em coluna vertebral, a coluna torácica tem uma curvatura natural voltada para trás. Quando essa curva aumenta além do esperado e existe uma causa médica sustentando esse aumento, falamos em hipercifose patológica.

Em adolescentes, a doença de Scheuermann é uma causa conhecida. Em adultos, fraturas por osteoporose, desgaste dos discos, deformidades pós-trauma e sequelas de infecções podem alterar a arquitetura das vértebras e dos ligamentos, mantendo a coluna curvada.

Causas frequentes

  • Doença de Scheuermann: alterações no crescimento das vértebras durante a adolescência, deixando-as com formato mais “wedge”.
  • Osteoporose e fraturas vertebrais: perda de massa óssea favorece microfraturas que encurvam a coluna ao longo do tempo.
  • Degeneração dos discos e ligamentos: desgaste natural pode ceder suporte e aumentar a curva.
  • Pós-trauma: fraturas mal consolidadas ou deformidades após acidentes.
  • Infecções e tumores: menos comuns, mas capazes de desorganizar as estruturas da coluna.
  • Doenças inflamatórias: quadros reumatológicos que endurecem e deformam segmentos torácicos.

Sinais e sintomas

Os sinais mais lembrados são o dorso arredondado e a postura inclinada para frente. Também são comuns dor entre as escápulas, fadiga muscular, rigidez matinal, sensação de “peso” no meio das costas e redução da altura com o passar dos anos.

Em situações avançadas, podem surgir formigamentos, fraqueza ou perda de equilíbrio. Falta de ar durante esforços leves pode ocorrer quando a curva limita a expansão do tórax. Qualquer sinal neurológico exige avaliação rápida.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico começa com uma boa conversa e exame físico. O especialista observa o alinhamento, mede a curvatura e verifica se ela corrige quando a pessoa tenta endireitar.

Exames de imagem ajudam a medir a curva e investigar a causa: radiografias mostram ângulos e fraturas; ressonância e tomografia avaliam discos, ligamentos e possíveis compressões. Em idosos, exames para osteoporose podem ser pedidos para olhar a saúde dos ossos.

Tratamento não cirúrgico

Em muitos casos, dá para controlar sintomas e frear a progressão sem cirurgia. O pilar é a fisioterapia direcionada para extensão torácica, estabilização escapular e fortalecimento dos músculos que mantêm o tronco ereto.

Alongamentos de peitoral e flexores do quadril ajudam a “abrir” a frente do corpo, permitindo melhor alinhamento. Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser usados por períodos curtos, sempre com orientação.

Em adolescentes com curvas em evolução, alguns tipos de órtese (colete) podem ser considerados. Em idosos, tratar osteoporose com dieta, vitamina D, cálcio e, quando indicado, medicação específica reduz risco de novas fraturas.

Quando a cirurgia entra em cena

A cirurgia é reservada para situações selecionadas: dor persistente e limitante apesar de tratamento bem conduzido, deformidade progressiva, sinais neurológicos, grande impacto respiratório ou curvaturas muito acentuadas.

O objetivo é corrigir o alinhamento, estabilizar a coluna e proteger o sistema nervoso. A decisão é individual, levando em conta idade, causa de base, expectativas e condições de saúde.

Exercícios seguros para começar hoje

  • Respiração costal lateral: mãos nas costelas, inspire expandindo as laterais do tórax; expire devagar. Três séries de dez ciclos melhoram mobilidade torácica.
  • Extensão torácica na cadeira: apoie a parte média das costas no encosto, entrelace as mãos atrás da cabeça e incline levemente para trás, sem forçar o pescoço.
  • Alongamento de peitoral na porta: antebraços no batente e passo à frente até sentir alongar o peito.
  • Remada elástica: elástico preso à frente, puxe levando as escápulas para trás e para baixo, mantendo o peito “aberto”.
  • Prancha curta: joelhos no chão, abdômen ativo, 15–30 segundos. Fortalece o “core”, que sustenta a postura.

Se qualquer exercício piorar a dor, pare e ajuste a técnica. Planejar com um fisioterapeuta evita sobrecarga e acelera resultados.

Prevenção e cuidados no dia a dia

  • Ambiente adaptado: monitor na altura dos olhos, cadeira com apoio lombar e pausas a cada 50 minutos para levantar e se mover.
  • Rotina de mobilidade: cinco a dez minutos diários de alongamentos e respiração já fazem diferença.
  • Treino de costas e glúteos: duas a três sessões por semana ajudam a “segurar” o tronco no lugar certo.
  • Sol e nutrientes: vitamina D, cálcio e proteína adequados favorecem os ossos, principalmente após os 50 anos.
  • Controle de carga: mochila leve e dividida nos dois ombros; evitar carregar peso longe do corpo.

Quando procurar ajuda

Procure avaliação se a curvatura está aumentando, a dor limita atividades simples, existe formigamento, fraqueza, perda de equilíbrio, febre sem explicação ou histórico de queda recente.

Nessas situações, uma avaliação com ortopedista especialista em coluna direciona os próximos passos com segurança. Em crianças e adolescentes, não espere “crescer para ver”: tratar cedo evita deformidades mais rígidas.

Mensagem final

Hipercifose torácica patológica tem tratamento. Com diagnóstico correto, fisioterapia focada, hábitos ajustados e, quando indicado, suporte médico completo, é possível reduzir dor, recuperar confiança no movimento e frear a progressão.

O caminho não precisa ser difícil: pequenos avanços somados, dia após dia, mudam a postura e devolvem bem-estar.

Credito imagem – www.freepik.com

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