Como descobrir se a pessoa tem esclerose múltipla?
A esclerose múltipla é uma doença neurológica e autoimune que afeta o sistema nervoso central, causando inflamação e destruição da bainha de mielina, que é uma camada protetora dos neurônios. A perda da mielina prejudica a comunicação entre as células nervosas, levando a diversos sintomas que variam de acordo com a localização e a extensão das lesões.
É uma doença que não tem cura, mas pode ser tratada com medicamentos que reduzem a frequência e a intensidade das crises, retardam a progressão da doença e aliviam os sintomas. Por isso, é importante reconhecer os sinais da doença e procurar um neurologista para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado.
Quais são os sintomas da esclerose múltipla?
Os sintomas da esclerose multipla podem ser muito variados e dependem das áreas do sistema nervoso que são afetadas pela inflamação e pela desmielinização. Alguns dos sintomas mais comuns são:
- Fadiga excessiva, que não melhora com o repouso;
- Alterações visuais, como visão dupla, borrada, embaçada ou perda da visão em um ou ambos os olhos;
- Formigamento, dormência ou sensação de choque elétrico em partes do corpo;
- Fraqueza, rigidez ou espasmos musculares;
- Dificuldade para caminhar, coordenar os movimentos ou manter o equilíbrio;
- Problemas urinários ou intestinais, como incontinência ou retenção;
- Dificuldade para falar ou engolir;
- Alterações cognitivas, como perda de memória, dificuldade de concentração ou raciocínio;
- Alterações emocionais, como depressão, ansiedade ou irritabilidade.
Os sintomas podem aparecer e desaparecer ao longo do tempo, alternando períodos de crise (surtos) e remissões. Os surtos podem durar de alguns dias a algumas semanas e são seguidos por uma melhora parcial ou total dos sintomas. A remissão pode durar meses ou anos, mas a tendência é que a doença progrida gradualmente e cause sequelas permanentes.
Os sintomas também podem ser influenciados por fatores externos, como o calor, a umidade ou a febre, que podem piorar temporariamente as manifestações da doença. No entanto, esses fatores não causam danos adicionais aos nervos e os sintomas tendem a melhorar quando a temperatura corporal volta ao normal.
Como é feito o diagnóstico da esclerose múltipla?
O diagnóstico da esclerose múltipla é baseado na história clínica do paciente, nos sintomas apresentados e nos exames complementares. Não há um exame específico que confirme a doença, mas alguns testes podem ajudar a descartar outras condições que podem causar sintomas semelhantes.
Os exames mais utilizados para o diagnóstico são:
Ressonância magnética do cérebro e da medula espinhal
É o exame mais sensível para detectar as lesões causadas pela inflamação e pela desmielinização dos nervos. As lesões aparecem como áreas brancas na imagem e podem ter tamanhos, formas e localizações diferentes. O exame também permite avaliar se as lesões são antigas ou recentes, o que ajuda a determinar se há atividade da doença.
Punção lombar
Consiste na retirada de uma amostra do líquido cefalorraquidiano (LCR), que banha o cérebro e a medula espinhal. O exame pode mostrar alterações no LCR, como aumento de proteínas, presença de anticorpos específicos (bandas oligoclonais) ou sinais de inflamação.
Potenciais evocados
São exames que medem a velocidade e a qualidade da transmissão dos impulsos nervosos em resposta a estímulos visuais, auditivos ou elétricos. O exame pode revelar alterações na condução nervosa, mesmo na ausência de sintomas.
O diagnóstico da esclerose múltipla é feito quando há evidências de que houve pelo menos dois episódios de inflamação em diferentes partes do sistema nervoso central, em momentos distintos. Esses critérios são chamados de disseminação no tempo e no espaço e são baseados nos sintomas clínicos e nos achados dos exames.
Como é o tratamento da esclerose múltipla?
O tratamento da esclerose múltipla tem dois objetivos principais: controlar os surtos e modificar o curso da doença. Para isso, são usados medicamentos que atuam no sistema imune, reduzindo a inflamação e a desmielinização dos nervos. Esses medicamentos são chamados de imunomoduladores ou imunossupressores e podem ser administrados por via oral, injetável ou endovenosa.
Os medicamentos mais usados para o tratamento são:
Interferons
São proteínas que modulam a resposta imune, diminuindo a frequência e a gravidade dos surtos. São aplicados por injeção subcutânea ou intramuscular, com frequência variável de acordo com o tipo de interferon.
Acetato de glatirâmer
É um polímero sintético que imita a estrutura da mielina, induzindo uma tolerância imunológica e reduzindo a inflamação. É aplicado por injeção subcutânea diariamente ou três vezes por semana.
Fingolimode
É um comprimido que bloqueia a saída dos linfócitos (células de defesa) dos gânglios linfáticos, impedindo que eles cheguem ao sistema nervoso central e causem inflamação. É tomado uma vez ao dia por via oral.
Natalizumabe
É um anticorpo monoclonal que impede a entrada dos linfócitos no sistema nervoso central, através da inibição de uma molécula chamada integrina alfa-4. É administrado por infusão endovenosa a cada quatro semanas.
Ocrelizumabe
É um anticorpo monoclonal que se liga aos linfócitos B, que são responsáveis pela produção de anticorpos contra a mielina. É administrado por infusão endovenosa a cada seis meses.
Cladribina
É um comprimido que interfere na síntese do DNA dos linfócitos, levando à sua redução. É tomado por via oral em ciclos anuais de quatro ou cinco dias consecutivos.
Mitoxantrona
É um quimioterápico que inibe a proliferação dos linfócitos, reduzindo a inflamação. É administrado por infusão endovenosa a cada três meses.
Além dos medicamentos imunomoduladores ou imunossupressores, o tratamento da esclerose múltipla também inclui o uso de corticóides durante os surtos, para aliviar rapidamente os sintomas e acelerar a recuperação. Os corticoides são administrados por via oral ou endovenosa, em doses altas e por curtos períodos.
Outros medicamentos podem ser usados para tratar os sintomas específicos da doença, como antiespasmódicos, analgésicos, antidepressivos, anticonvulsivantes ou estimulantes cognitivos. O uso desses medicamentos deve ser orientado pelo neurologista, de acordo com as necessidades de cada paciente.
Conclusão
Além do tratamento medicamentoso, é importante que o paciente com esclerose múltipla adote hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, hidratação adequada, atividade física regular, controle do estresse e evitar o tabagismo. Essas medidas podem contribuir para melhorar a qualidade de vida e prevenir complicações.
A esclerose múltipla também pode ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar, que inclui fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas e assistentes sociais. Esses profissionais podem ajudar o paciente
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