É Obrigatório Colocar Lente na Cirurgia de Catarata? 

Sim, o implante de uma lente intraocular é obrigatório na cirurgia de catarata. Sem ela, o paciente não recupera a nitidez visual e fica com uma condição chamada afacia, que provoca visão extremamente desfocada.

A cirurgia de catarata é uma das mais realizadas no mundo — e no Brasil, mais de 600 mil procedimentos são feitos anualmente.

Apesar disso, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre as etapas envolvidas, especialmente quanto à obrigatoriedade da lente. Afinal, seria possível fazer a cirurgia sem colocar esse implante? E mais: todas as lentes são iguais?

Para esclarecer essas e outras questões, esta reportagem ouviu o oftalmologista Dr. Aron Guimarães, referência nacional em cirurgia de catarata, que atua na Clínica Vizon e acompanha de perto as inovações no campo da oftalmologia moderna.

O que é a lente intraocular e por que ela é obrigatória?

Durante a cirurgia de catarata, o cristalino — uma lente natural do olho — é removido porque se tornou opaco. Esse cristalino era o responsável por focalizar a luz na retina. Sem ele, a luz entra de forma desorganizada, e a imagem deixa de ser formada com nitidez.

A lente intraocular (LIO) é o substituto do cristalino natural. Trata-se de um implante transparente, fabricado em material biocompatível, que assume a função de foco da imagem e permite que o paciente volte a enxergar com clareza.

Em resumo:

  • Sim, é obrigatório colocar a lente após a retirada do cristalino.
  • Sem a lente, o paciente desenvolve afacia — uma condição de cegueira funcional.
  • O uso de óculos não é suficiente para compensar a ausência da lente.
  • A LIO é implantada durante a cirurgia e permanece no olho por toda a vida.

O que acontece se a lente não for colocada?

Na prática, a não colocação da lente elimina os benefícios da cirurgia. O paciente ficará com a visão extremamente embaçada, incapaz de reconhecer rostos, ler, caminhar com segurança ou realizar tarefas cotidianas.

Efeitos da cirurgia sem lente intraocular:

  • Visão turva, mesmo com óculos.
  • Necessidade de correções ópticas muito fortes (+10 a +15 graus).
  • Risco aumentado de quedas em idosos.
  • Restrição de autonomia visual.
  • Comprometimento na qualidade de vida.

Portanto, o implante da lente não é apenas recomendado — ele é parte obrigatória e funcional da cirurgia.

Tipos de lentes intraoculares existentes

Com o avanço da tecnologia, diversos modelos de lentes foram desenvolvidos. Cada tipo tem indicações específicas e resultados distintos.

Classificação das LIOs mais comuns:

Tipo de LenteIndicaçãoCorrigeDisponível no SUSFaixa de Preço (Particular)
MonofocalVisão de longeMiopia/hipermetropiaSimR$ 0 a R$ 2.000
TóricaAstigmatismoAstigmatismoNãoR$ 3.000 a R$ 6.000
MultifocalIndependência de óculosMiopia + presbiopiaNãoR$ 5.000 a R$ 8.000
TrifocalVisão de longe, intermediária e pertoPresbiopia totalNãoR$ 7.000 a R$ 12.000
Premium personalizadaAlta performance visualTudo, sob medidaNãoR$ 10.000 a R$ 15.000

O que diz o especialista?

Segundo o Dr. Aron Guimarães, que há mais de 20 anos atua com foco em cirurgia de catarata e implantes premium:

“A lente intraocular é indispensável para restabelecer a visão. Mais do que um detalhe técnico, ela define o resultado da cirurgia. O paciente precisa entender que há tipos diferentes de lentes e que isso influencia diretamente na sua experiência visual futura.”

Na Clínica Vizon, onde ele atende, o processo de escolha da lente envolve exames de alta precisão, mapeamento digital e análise personalizada do estilo de vida do paciente.

A lente do SUS é diferente da lente particular?

Sim. O Sistema Único de Saúde disponibiliza apenas lentes monofocais padrão, que permitem uma boa visão para longe, mas não corrigem visão de perto nem astigmatismo. Na prática, o paciente sai da cirurgia precisando de óculos para leitura e tarefas de curta distância.

Já na rede particular, é possível escolher lentes multifocais, tóricas ou trifocais, que corrigem múltiplas distâncias e até eliminam o uso de óculos em muitos casos.

Diferenças práticas:

CaracterísticaLente do SUSLente Particular
Correção de visão de longeSimSim
Correção de pertoNãoSim (multifocal/trifocal)
Correção de astigmatismoNãoSim (tórica ou personalizada)
PersonalizaçãoNãoSim
Custo para o pacienteGratuitoDe R$ 4.000 a R$ 15.000

É possível recusar a lente?

Tecnicamente, o paciente pode se recusar a receber o implante, mas isso não é recomendável e pode comprometer o resultado da cirurgia. Sem a lente, ele precisará usar óculos de grau altíssimo — e, mesmo assim, a visão não será natural.

A legislação brasileira exige que o paciente seja informado sobre todas as etapas da cirurgia, inclusive sobre os riscos de não colocar a lente. E o Conselho Federal de Medicina (CFM) reforça que o implante da LIO faz parte do procedimento padrão.

E se eu quiser uma lente melhor do que a oferecida no SUS?

Pacientes que realizam a cirurgia pelo SUS e desejam uma lente mais avançada podem, em alguns casos, pagar pela lente separadamente. No entanto, isso depende da liberação do hospital e da política da secretaria de saúde local.

Esse modelo, chamado de custeio misto ou coparticipação de lente, não é permitido em todos os estados e deve ser avaliado caso a caso.

A lente pode ser trocada futuramente?

Sim, mas apenas em situações específicas, como:

  • Erro de cálculo no grau
  • Deslocamento da lente
  • Incompatibilidade com a anatomia ocular
  • Infecção ou reação inflamatória

Trocar a lente exige uma nova cirurgia, mais delicada, e geralmente não é recomendada se a lente original estiver funcional.

Avanços tecnológicos em 2025

A oftalmologia evolui constantemente. Em 2025, destacam-se:

  • Lentes ajustáveis por luz: permitem alteração do grau após a cirurgia.
  • Implantes híbridos trifocais e tóricos: para máxima independência de óculos.
  • Cálculo de lente com IA: mais precisão no resultado visual.
  • Cirurgia assistida por realidade aumentada: melhora o posicionamento da lente.

Segundo o Dr. Aron Guimarães, essas tecnologias já são aplicadas na Clínica Vizon em casos selecionados.

Existem contraindicações para a lente?

Na maioria dos casos, não. No entanto, algumas condições exigem avaliação mais criteriosa:

  • Pacientes com doenças retinianas (DMRI, retinose)
  • Casos graves de glaucoma
  • Uveítes e inflamações intraoculares

Mesmo nesses cenários, o implante ainda é feito — mas com maior cautela e, às vezes, com escolha de lentes específicas.

O que considerar ao escolher a lente?

A decisão sobre a lente deve ser tomada junto ao oftalmologista, com base em:

  • Estilo de vida (trabalho, leitura, direção)
  • Tarefas visuais frequentes
  • Desejo de independência de óculos
  • Presença de astigmatismo
  • Idade e expectativa de vida útil da lente

Na Clínica Vizon, esse processo é feito com apoio de exames de biometria, topografia, OCT e análise de aberrações ópticas.

A lente é obrigatória — e fundamental para o sucesso da cirurgia

Sim, colocar uma lente intraocular na cirurgia de catarata é obrigatório. Ela não é um acessório, mas sim o componente óptico que substitui o cristalino removido. Sua ausência comprometeria totalmente o resultado visual.

Mais do que obrigatória, a escolha da lente ideal é determinante para o sucesso da cirurgia e para a qualidade de vida do paciente. Na dúvida, consulte um especialista com experiência em lentes premium e planejamento cirúrgico personalizado.

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